O Bruno lá no meio da entrevista pediu a câmera na mão. Ficou no quadro o Alfredo meio instável, compondo com um segundo plano-ora fachada do teatro João Caetano, ora um descamisado morador de rua insistindo em dançar para a lente. Lá ao fundo, o portão do mal iluminado Real Gabinete Português de Leitura. Nosso set era um salão no térreo do Centro Cultural Carioca. O áudio denunciava a música no andar de cima, programada pelo entrevistado.
Alfredo Galhões compensa a falta de atrativos noturnos na Praça Tiradentes com uma agenda, bem divulgada, de artistas e repertórios já consagrados. Tem gente que vem aqui há anos ouvir as mesmas músicas. Eles gostam, ele gosta, e nós nos vimos novamente passeando na tensão entre épocas, estilos e histórias de samba
Já falamos aqui que o pessoal das casas noturnas tem dos mais interessantes personagens. Alfredo não foge à regra, e para quem falta novidade ele pergunta: o público pede?
Do outro lado, no dia seguinte, fomos ao Beco do Rato, convidados pelo bandolinista João Martins. Fizemos algumas imagens da roda e, a luz sendo pouca, investimos numa entrevista interna com os músicos. Há uma consciência de não estarem no mainstream da Lapa e uma cultivada cumplicidade entre músicos e ativistas do beco. A roda não está no palco, como o que se vê na Mem de Sá e Riachuelo, e isso é motivo de orgulho.
Uma aventura de entrevista, vinte caras pedindo a vez para falar ao Bruno. A câmera de novo na mão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário