domingo, 30 de março de 2008

O processo e a história

Hoje saímos da filmagem no Sesc Tijuca discutindo, mais uma vez, sobre os rumos do filme. As entrevistas “talking heads”, que fazemos desde dezembro, estão encerrando (guardando e finalizando) a tal primeira fase das gravações. Elas contextualizaram uma história, ditaram o(s) fio(s) da meada para nos guiarmos na segunda etapa.

Querendo ou não, o que fizemos hoje já tinha um quê de “segunda etapa”, de um enquadrar só permitido por conhecimentos pré-captados em horas e horas de mini-dv. Entrevistamos o compositor Moacyr Luz em sua casa, em Santa Teresa, e o levamos de lá para o Sesc, onde era convidado do grupo Batifundo. Deste fazia parte o Pedro Holanda, já filmado por nossas câmeras em uma entrevista e duas ocasiões – no bloco do Carioca da Gema e no concurso de marchinhas da Fundição Progresso.

Às 16h30 o grupo começou a tocar – duas de Noel seguidas de composições próprias, Nelson Cavaquinho e outros dos quais não lembro -, no salão do Sesc, para um público essencialmente de terceira idade. Depois do intervalo, Pedro entoou sua música sobre a Lapa, um pedido do documentarista, e chamou Moacyr.

O encontro entre os músicos é um encontro entre gerações, entre figuras de diferentes segmentos do samba, por assim dizer. Um pouco como reunir o João Martins e Lefê Almeida numa mesa de restaurante; ou flagrar João Cavalcanti, do Casuarina, no Cacique de Ramos... O que temos hoje (pelo menos eu, um câmera, até dezembro totalmente alheio ao assunto) é um outro olhar para momentos como esse. Uma visão impregnada pelo que já vimos e ouvimos, inevitável e interminavelmente. É com essa que vamos.