domingo, 24 de fevereiro de 2008

Avançando


O documentário segue em frente depois de uma breve pausa para folga e reajustes. O plano inicial do Bruno era fazer uma "primeira rodada" de entrevistas, com o máximo de personagens, recolhendo testemunhos e uma contextualização dessa história recente da Lapa. A partir desses dados, definiria uma linha a seguir na "segunda rodada", provavelmente reencontrando entrevistados em contextos diferentes.

Enquanto se viabiliza a continuidade dos trabalhos rumo à etapa final, já temos em mãos mais da metade das entrevistas da tal primeira rodada. O material gravado ultrapassa facilmente 50 horas, o filme vai amadurecendo e pedindo definição de rumos práticos e narrativos. É o desafio, a "loucura inadiável", nas palavras do produtor Leo Feijó, na qual o Bruno se meteu.

No dia 22 entrevistamos Leo Feijó e Daniel Koslinki, no Teatro Odisséia. Três dias antes falamos com Regina Weissmann e Aline Brufato, antiga e atual dona do Comuna do Semente.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Alfredo Galhões no CCC (11/02) e Beco do Rato (12/02)

O Bruno lá no meio da entrevista pediu a câmera na mão. Ficou no quadro o Alfredo meio instável, compondo com um segundo plano-ora fachada do teatro João Caetano, ora um descamisado morador de rua insistindo em dançar para a lente. Lá ao fundo, o portão do mal iluminado Real Gabinete Português de Leitura. Nosso set era um salão no térreo do Centro Cultural Carioca. O áudio denunciava a música no andar de cima, programada pelo entrevistado.

Alfredo Galhões compensa a falta de atrativos noturnos na Praça Tiradentes com uma agenda, bem divulgada, de artistas e repertórios já consagrados. Tem gente que vem aqui há anos ouvir as mesmas músicas. Eles gostam, ele gosta, e nós nos vimos novamente passeando na tensão entre épocas, estilos e histórias de samba em uma Lapa recém-surgida.

Já falamos aqui que o pessoal das casas noturnas tem dos mais interessantes personagens. Alfredo não foge à regra, e para quem falta novidade ele pergunta: o público pede?

Do outro lado, no dia seguinte, fomos ao Beco do Rato, convidados pelo bandolinista João Martins. Fizemos algumas imagens da roda e, a luz sendo pouca, investimos numa entrevista interna com os músicos. Há uma consciência de não estarem no mainstream da Lapa e uma cultivada cumplicidade entre músicos e ativistas do beco. A roda não está no palco, como o que se vê na Mem de Sá e Riachuelo, e isso é motivo de orgulho.

Uma aventura de entrevista, vinte caras pedindo a vez para falar ao Bruno. A câmera de novo na mão.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Sukman, Lefê e Juçá

Hugo Sukman, Lefê Almeida e Maria Juçá foram nossos últimos entrevistados.

O primeiro, autor do livro Heranças do Samba, conversou conosco no Centro de Referência da Música Carioca, na Tijuca. A entrevista se prolongou bastante à espera de sombras, mas aconteceu.

Lefê é testemunha do caso todo, há tempos. Estivemos com ele no restaurante Cosmopolita. Nossa surpresa foi a aparição de João Martins, vinte e poucos anos e músico assíduo do Beco do Rato e do Cacique de Ramos, para ouvir e até conversar diante da câmera com o Lefê. Talvez o melhor improviso até agora...

Antes dele, a Juçá, no seu próprio Circo Voador. Das grandes!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Breno Carro no Estrela da Lapa

Comparar a Lapa com a Vila Madalena ou mesmo a Bourbon Street aponta para muitas questões com as quais nos deparamos até aqui. Uma delas, a necessidade (ou não) de maior presença do poder público no bairro. Outra, a necessidade ou não de renovação do repertório dos artistas; tensão entre continuidade e ruptura com a tradição que fez a Lapa ser o que é. E mais uma, a certeza de que muito do que se faz artisticamente e acontece no bairro está nas mãos dos donos-de-casas-de-show. Um deles, autor da comparação acima, é Breno Carro, antigo administrador do Mistura Fina que hoje toca o Estrela da Lapa.

A Lapa está letalmente vulnerável a passagem de um tsunami e da febre que hoje faz do seu carnaval o mais interessante da cidade. O futuro do bairro é um mistério para o produtor, que na noite em que nos recebeu variava o cardápio: um grupo de garotos da Tijuca, posterior a geração-foco do documentário, tocava no palco da casa. O risco é claro: há artistas e repertórios bem firmados nas casas da Mem de Sá e adjacências, há uma demanda do público por assistir à Lapa que a Lapa se tornou, e isso talvez ainda não possa mudar. Pode?

Enfim, a empreitada de pessoas como Breno faz dele e dos demais"anfitriões" da Lapa personagens interessantíssimos para o filme. Até porque, e talvez acima de tudo, em geral são bons de papo à beça.