quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A tentação maniqueísta

Em qualquer documentário que tenha a música como objeto, quando entra um representante de uma rádio, ele tem que ser o lado mau. A rádio é má. É jabá, é vício, troca de favor, interesses escusos, etc, etc. Como entrevistar, então, a presidente de uma rádio apontada pelos artistas como a única que abriu um espaço para eles, sem ser tendecioso e chapa branca? O que esta pessoa pode acrescentar ao doc? O que justifica esta presença? A rádio precisa ser má ou pode ser boa? Ou pode não ser nada disso e ser apenas mais um personagem desta cadeia produtiva ?

Ariane Carvalho, presidente da MPB FM, nos recebeu e falou por cerca de 25 minutos. Não era a mais fácil das entrevistas. Foi boa, mas não foi a mais fácil das entrevistas. Não pela gentil Ariane, mas sobretudo pelas minhas próprias dúvidas em descobrir como é que aquele papo se relaciona, de fato, com toda essa história e não sucumbir à tentação. É um trabalho que vai continuar na mesa de edição.

Na foto aí de cima nem parece tanto. Mas a luz ficou linda.

Enquanto seu doc não vem...


Ariane Carvalho
João Cavalcanti
Tia Surica e Teresa Cristina
Alfredo Del Penho
Ana Costa

Pedro Hollanda

Festival de Marchinhas

Plínio Fróes
Moyseis Marques
Edu Krieger

Lapa...
Partideiros do Cacique de Ramos
Pedro Miranda

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Referências... 29/01/2008

Na noite de ontem encontramos uma grande referência dessa turma toda: Alfredo Del Penho. O cara que é citado como referência pelos próprios amigos quando o assunto é lembrar alguma música mais distante ou "obscura", um grande representante do lado de pesquisa que esse pessoal traz. Apesar de tanta informação acomulada, ele tem apenas 26 anos. Artista que compõe, interpreta, pesquisa e afins.

Alfredo constrói raciocínio de forma clara e esbanja generosidade com seus amigos. Muitas idéias que reiteradamente buscava entender em outras entrevistas, acharam liga no raciocínio dele. Ele tem uma clareza e uma tranquilidade para lidar e assumir sem pudores muitos dos rótulos e clichês que caem sobre a sua turma. Não parece se abalar e até se envaidece por muitos dos adjetivos que são atribuídos.

Em seguida, uma passagem rápida pelos camarins da Fundição Progresso registraram o encontro de Tia Surica e Teresa Cristina. Uma revelação da intimidade com que duas gerações diferentes lidam sem constrangimentos. Na verdade, essa é uma descrição bastante risível para esse encontro. Há mais coisas intríssecas ali, mas que ainda não me sinto confortável pra falar a respeito sem ser pernóstico... Deixa o tempo ter tempo que eu volto no assunto.

BM

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

João Cavalcanti na Unirio

João Cavalcanti me colocou desconfiado do zoom. O zoom que varia de acordo com a distância do entrevistado em relação ao objeto tratado. Pois como poucos o músico do Casuarina trata com propriedade e intimidade, análise e cumplicidade dos temas da sua geração – do nosso documentário. É enquadrar no plano médio, esperar a chuva da tarde amainar, e deixar o cara falar.

E foram duas horas de conversa, no pátio da Unirio da Praia Vermelha. Lá mesmo onde anos atrás João formou o grupo Casuarina, com então colegas do curso livre de Teoria e Percepção Musical da universidade.

Serenidade e claridade em uma tarde de mais elucidação dessa história, das histórias que brevemente serão uma só.

Mario

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Aparecendo...

O processo de filmagem já chega a um mês. Muitas pessoas se surpreenderam com a publicação na coluna do Marceu Vieira/Ancelmo Góis. Fato é que realmente não quis fazer alarde nem divulgar por se tratar inicialmente de uma vontade, maior do que uma certeza. Queria contar essa história, mas não tinha certeza do quão viável era ela. Hoje acho que todos na equipe já confiam que temos uma história pra contar.

Já que agora isso é público, sigamos adiante. Vamos tentar atualizar esse blog com o que for rolando a cada entrevista. Não vamos recaptular o que já rolou pois a pressão do tempo é grande e estamos filmando muito. Mas acredito que, conforme formos falando das próximas entrevistas, o que já rolou reaparecerá. Quem quiser sugerir, indicar coisas, os comentários estão abertos aí embaixo...

Bruno Maia

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O que é o documentário?

Trata-se de um documentário que investiga a história da geração que recuperou a memória do samba e construiu uma cena que propera economica e artisticamente no Rio de Janeiro. Como pano de fundo, emerge a história de outra recuperação importante para a cidade que é a do bairro da Lapa, considerado patrimônio cultural por muitos.
Quem foram os personagens que criaram um movimento artístico e uma cadeia produtiva economicamente viável, sem depender dos modelos da indústria fonográfica, nem da internet? Como foi o processo de reconstrução de um bairro abandonado para se transformar no maior pólo de entretenimento noturno do Rio de Janeiro? Como uma geração de sambistas se cruzou com jovens forrozeiros e criaram um gênero novo? Por que de tanta devoção passado e medo de criar uma sonoridade nova? ~Como essa geração começa a alcançar o mainstream? O encontro dos antiquários com a música e a criação de um novo sentido econômico para o bairro da Lapa

Uma história que mostra a riqueza do encontro entre o novo e o antigo. Uma alternativa de modelo sustentável para a economia criativa tipicamente carioca, independente das intervenções do poder público. O tempo do samba é hoje.
O documentário, que ainda não tem nome, é dirigido pelo jornalista Bruno Maia.